domingo, 19 de agosto de 2012

A maternidade protege o coração


As células do feto podem viajar até o coração da mãe para reparar e substituir as células danificadas. Os pesquisadores da Escola de Medicina Monte Sinai de Nova York observaram este fato em um experimento com roedores. Provocaram infartos controlados em ratazanas gestantes saudáveis e marcaram com uma proteína fluorescente as células fetais para distingui-las das mesmas da mãe.
Deste modo, viram que as células fetais que provinham da placenta se regeneraram em células musculares cardíacas e em células do endotélio vascular (as que recobrem o interior dos vasos sanguíneos). Duas semanas depois do infarto, os cientistas comprovaram que elas tinham se inserido no coração materno e representavam 2% do total das células do órgão.
"Embora há alguns anos foi demonstrado a existência de uma troca de células entre o feto e a mãe, este estudo é absolutamente estimulante e traz esperança", destaca Milagros Pedreira, presidente do Grupo de Trabalho de Doenças Cardiovasculares na Mulher da Sociedade Espanhola de Cardiologia (SEC).
A especialista assinala que este tipo de pesquisa abre uma nova via de estudo na área das células-tronco e da regeneração cardíaca, que poderia se transformar em uma alternativa para os pacientes.
Outro trabalho, realizado pela Universidade da Califórnia e publicado pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva no periódico "Fertilidade e Esterilidade", relaciona o número de gravidezes com a diminuição do risco cardiovascular nas pós-menopáusicas.

Gravidez e saúde cardiovascular
Após analisar cerca de 1.300 mulheres, os cientistas descobriram que quem tinha ficado grávida quatro vezes ou mais tinha menos probabilidades de sofrer de doença cardiovascular que aquelas que não tinham ficado grávida ou o tinham feito em menos ocasiões. No entanto, os pesquisadores ainda não podem explicar porque isto acontece.

"Apesar de mais estudos serem necessários para conhecer a relação exata entre o número de gravidezes e a saúde cardiovascular, estes dados podem representar um estímulo para futuros trabalhos e pesquisas neste terreno", afirma Milagros.
A médica diz que embora venham aparecendo novos trabalhos que certificam os benefícios da gravidez para o coração da mulher, "não devemos esquecer que a gestação também é considerada uma situação de risco para algumas pessoas".
De fato, o coração da mãe faz um esforço maior durante a gravidez pois o sistema cardiovascular tem que se adaptar às mudanças fisiológicos que o corpo da mulher experimenta.
Não em vão, neste período se aumenta o volume sanguíneo, a frequência cardíaca e a quantidade de sangue que o coração bombeia. Além disso, acontece uma queda da tensão arterial tanto sistólica como diastólica, explica a Sociedade Espanhola de Cardiologia.
Para evitar complicações, esta entidade recomenda às grávidas que controlem periodicamente a tensão arterial e que anotem em um caderno os números para manter o controle.
Tal indicação é especialmente relevante para aquelas mulheres que sofrem de alguma cardiopatia. Além disso, os especialistas da SEC aconselham às gestantes uma dieta baixa em sal, deixar de fumar e levar uma vida o mais saudável possível.

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