terça-feira, 24 de julho de 2012

Aves e Polvos têm alguma consciência

Cientistas dizem que Aves e até Polvos tem alguma conciência.


MARCO VARELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA



Na onda dos manifestos assinados por cientistas defendendo posições sobre temas polêmicos, como o aquecimento global e a evolução, o tema da consciência animal é a bola da vez.

A mensagem dos pesquisadores é clara: dado o peso das evidências atuais, não dá mais para dizer que mamíferos, aves e até polvos não tenham alguma consciência.
Foi o que um grupo de neurocientistas afirmou no Manifesto Cambridge sobre a Consciência em Animais Não Humanos, lançado neste mês em uma conferência sobre as bases neurais da consciência na prestigiosa Universidade de Cambridge (Reino Unido).

Semelhança

Philip Low, neurocientista da Universidade Stanford e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e proponente do manifesto, disse à Folha que "nas últimas duas décadas, houve um grande progresso na neurobiologia, graças às novas tecnologias que permitem testar velhas hipóteses".
Um conjunto de evidências convergentes indica que animais não humanos, como mamíferos, aves e polvos, possuem as bases anatômicas, químicas e fisiológicas dos estados conscientes, juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais e emocionais.
A ausência de um neocórtex (área cerebral mais recente e desenvolvida em humanos) não parece impedir um organismo de experimentar estados afetivos.
O peso da evidência, portanto, indica que os seres humanos não são únicos no que diz respeito à posse das bases neurológicas que geram consciência.
"Enquanto cientistas, nós sentimos que tínhamos um dever profissional e moral de relatar essas observações para o público", disse Low.
O manifesto foi assinado por 25 pesquisadores de peso, como Irene Pepperberg, da Universidade Harvard, que estudou as avançadas capacidades cognitivas (como o reconhecimento de cores e palavras) do famoso papagaio Alex.
Mateus Paranhos da Costa, pesquisador do comportamento e bem-estar animal da Unesp de Jaboticabal, achou a declaração bem fundamentada.
"Ela tem um componente político importante: um grupo de pesquisadores oficializa sua posição frente à sociedade, assumindo diante dela o que a ciência já tem evidenciado há algum tempo", diz ele.

Espelho da Mente

A capacidade de alguns animais de se reconhecerem no espelho foi mencionada no manifesto.
Parece trivial se reconhecer ao escovar os dentes todas as manhãs, mas muitos bichos têm reações agressivas quando colocados cara a cara com seu reflexo.
No teste do espelho, um animal que nunca viu um objeto desses na vida é anestesiado até dormir. Os pesquisadores pintam, então, uma marca no rosto do animal e esperam que ele acorde e ache o espelho colocado em seu recinto. Se ele tentar brigar com o "intruso" ou tocar a mancha no espelho, fracassou no teste. Contudo, se tocar a marca nele mesmo, é um forte indício de que tenha noção de si próprio.
Já passaram no teste chimpanzés, bonobos, gorilas, orangotangos, golfinhos-nariz-de-garrafa, orcas, elefantes e pegas-europeias (parentes do corvo). Crianças só passam no teste após 18 meses de vida.
Marlene Zuk, especialista em seleção sexual e comunicação animal da Universidade de Minnesota, afirma que é preciso ter cuidado com a atribuição da experiência humana a outros animais.
"Temos a tendência de fazer um ranking dos animais com base em quão semelhantes a nós eles são. Entendemos muito pouco sobre como funciona a consciência. Os animais podem apresentar um comportamento complexo sem ter sistema nervoso complexo."

Lacunas

Devido ao foco da conferência nas bases neurais da consciência, estudos relevantes para o bem-estar animal faltaram no manifesto.
A palavra "dor" não foi mencionada. Pesquisas já mostraram a existência da capacidade de sentir dor em peixes e invertebrados, excluídos da lista. A capacidade de sofrer com a morte de um parente também já foi descrita em chimpanzés, gorilas, elefantes, leões-marinhos, lobos, lhamas, pegas e gansos.
"Se vivemos em uma sociedade que considera dados científicos ao pensar suas atitudes morais em relação aos animais, então o manifesto poderá iniciar mudanças", ressalta Philip Low.
Para Paranhos da Costa, ao se gerar e divulgar evidências de que os animais de criação (como o gado) "não diferem dos demais quanto a capacidades de sentir, aprender, formar laços sociais", transformações sociais ocorrerão.

Estudo revela mecanismo que faz câncer se espalhar


REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE"


Uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo brasileiros do Hospital A.C. Camargo (SP), pode ter dado um passo importante para bloquear o insidioso processo por meio do qual o câncer se espalha pelo organismo.
Eles mostraram que uma espécie de bolha microscópica, que lembra uma "minicélula", é capaz de carregar as sementes de um novo tumor para partes distantes do corpo, preparando essas áreas para receber a doença.
Se for possível bloquear a ação dessas "bolhas", os médicos teriam em mãos uma defesa importante contra a metástase, como é conhecido o espalhamento do câncer pelo organismo do doente.
A quantidade e o conteúdo das "minicélulas" também poderiam trazer pistas importantes sobre a gravidade de determinado câncer e sobre a resistência do tumor a medicamentos, explica a bioquímica Vilma Martins, pesquisadora do A.C. Camargo. "Pode ser uma ferramenta muito poderosa para os oncologistas", afirma ela.
Martins assina um estudo sobre o tema que acaba de ser publicado na revista científica "Nature Medicine". A equipe de cientistas, coordenada por David Lyden, da Faculdade Médica Weill Cornell, em Nova York, identificou sinais intrigantes do papel das "bolhas" -conhecidas tecnicamente como exossomos- num câncer que costuma afetar a pele, o melanoma.


Um Corpo que sai

Os termos gregos que formam a palavra "exossomo" podem ser traduzidos exatamente da maneira acima: "um corpo que sai" da célula, como uma espécie de mensageiro, de acordo com o que pesquisas recentes mostram. "É uma área de pesquisa bastante nova", diz Martins.
Os exossomos se formam no interior das células e apresentam uma membrana composta por uma camada dupla de gordura -exatamente como a membrana das células "verdadeiras" (veja quadro).
Em seu interior, podem carregar vários tipos de molécula, inclusive material genético. Atravessam com facilidade a membrana das células e levam essa carga para outras células. "Parece um método eficiente de sinalização celular", explica Martins.
O problema é que, como mostrou o trabalho da bioquímica e seus colegas, essa sinalização pode ser facilmente usada para o mal. Em pessoas com melanoma, por exemplo, os exossomos produzidos carregam uma quantidade maior de proteínas ligadas ao câncer quando o tumor da pessoa é mais grave.
Quando injetadas em camundongos junto com células tumorais, as "minicélulas" facilitaram a formação de tumores, carregando substâncias que ajudam a recrutar células formadoras de vasos sanguíneos.
É que os cientistas apelidam de "criação de nicho" para o tumor: um local cheio de nutrientes trazidos pelos vasos para que o vilão possa crescer. E os vasos também ficam mais permeáveis -o que facilitaria a penetração das células tumorais. O desafio, agora, é aprender a bloquear o processo.


Morre primeira astronauta americana


Sally Ride tinha câncer de pâncreas; sua primeira missão foi a bordo de um ônibus espacial em 1983

Sally Ride, a primeira astronauta americana, morreu nesta segunda-feira, 23, aos 61 anos de câncer de pâncreas, anunciou a fundação que leva seu nome.Ride foi pela primeira vez ao espaço em 1983, na sétima missão de um ônibus espacial americano.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Prevenção ao vírus da Aids


O laboratório Gilead Sciences informou na segunda-feira que obteve aprovação dos Estados Unidos para comercializar seu medicamento Truvada como profilaxia para reduzir o risco de contaminação pelo HIV, vírus que causa a Aids.

Esse é o primeiro remédio contra o HIV para pessoas ainda não infectadas. Ele foi aprovado para pessoas expostas a risco elevado de contaminação, e para quem mantenha relações sexuais com parceiros soropositivos.

A droga deve ser tomada diariamente, em combinação com as práticas habituais de sexo seguro, para reduzir o risco de contaminação em adultos sob alto risco.

O Truvada já havia sido aprovado em combinação com outros agentes para o tratamento de soropositivos adultos e maiores de 12 anos.

“"A aprovação de hoje representa um marco importante na nossa luta contra o HIV", disse em nota Margaret Hamburg, comissária da FDA (Administração de Alimentos e Drogas dos EUA).

A cada ano, cerca de 50 mil adultos e adolescentes dos EUA recebem o diagnóstico de contaminação pelo HIV, segundo Hamburg. "Novos tratamentos além de métodos de prevenção são necessários para combater a epidemia de HIV neste país."

O FDA decidiu reforçar um alerta no rótulo do Truvada, orientando os médicos a se certificarem de que o usuário não está contaminado pelo HIV, e a refazerem os exames a cada três meses.

A aprovação inclui como contrapartida um programa de mitigação do risco, com treinamento e orientação voltadas para o aconselhamento de pessoas que usem o Truvada como profilaxia.

Outra exigência é que a Gilead recolha amostras de indivíduos que contraírem o HIV durante o uso do Truvada, avaliando uma possível resistência do vírus à droga. Também deverão ser monitorados os resultados das gestações de mulheres que engravidarem durante o uso do medicamento.

As ações da Gilead fecharam em alta de 1,5 por cento no pregão da Nasdaq, cotadas a 51,94 dólares.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Engenheiros criam mãos robóticas com tato


Engenheiros nos EUA dizem ter construído mãos robóticas capazes de diferenciar diferentes texturas.
Os dedos detectam 117 texturas com mais precisão que os humanos 
Equipadas com sensores de toque conhecidos como BioTac - que usam algoritmos inteligentes -, estas mãos selecionam, monitoram e interpretam o que detectam com seus dedos mecânicos.
Estas impressões digitais permitem a percepção dos materiais tocados, por meio de vibrações.Os dedos robóticos têm o mesmo tamanho de um dedo humano e "impressões digitais" na superfície capazes de sentir texturas.
O trabalho da equipe liderada por Gerald Loeb e Jeremy Fishel da Escola de Engenharia Viterbi, filiada à Universidade do Sul da Califórnia, foi divulgado na publicação Frontiers of Neurorobotics.
Quando o dedo, coberto com uma "pele" flexível cheia de fluído, passa sobre uma textura, a pele vibra de diferentes maneiras. Essas vibrações são capturadas por um transmissor de som localizado dentro dos dedos de metal.
Assim, a mão robótica detecta o tipo de textura, a forma e as propriedades térmicas do objeto. E com mais precisão do que o dedo humano.
Ela pode detectar 117 materiais comuns, com uma precisão de 95%.
Os criadores dizem que a tecnologia pode ser útil na fabricação de próteses equipadas com o sentido do toque.
O projeto foi financiado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos para desenvolver melhores mãos protéticas para amputados.

Cientista quer converter ondas cerebrais de Hawking em palavras


Um cientista americano diz ter encontrado uma maneira de proteger a capacidade física de comunicação do ser humano com base em um estudo que conduziu sobre os padrões cerebrais do renomado físico britânico Stephen Hawking.
Philip Low espera que, com o tempo, Hawking possa "escrever" as palavras com o seu cérebro, substituindo, assim, o atual sistema de reconhecimento de voz do físico britânico, que interpreta os movimentos musculares de seu rosto.
Paralelamente à descoberta, a empresa de tecnologia Intel também está trabalhando em uma alternativa semelhante.O cientista defende que a inovação poderia evitar o risco da síndrome do "encarceramento", quando os movimentos do corpo são paralisados (com exceção dos olhos), mas as faculdades mentais se mantêm ativas.

iBrain

Hawking foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo, em 1963. Na década de 1980, foi capaz de usar pequenos movimentos do polegar para mover um cursor de computador de modo a escrever frases.
Sua condição piorou mais tarde e ele teve de mudar para um sistema que detecta o movimento em sua bochecha direita através de um sensor infravermelho instalado em seus óculos, que mede, por sua vez, mudanças na luz.
Como os nervos em seu rosto estão se deteriorando rapidamente, Hawking pronuncia apenas uma palavra por minuto, o que o levou a buscar ajuda.
O temor é de que Hawking possa, em algum momento, perder a capacidade de se comunicar através dos movimentos do seu corpo. Caso isso aconteça, ele ficaria "preso" em seu corpo, uma vez que seu cérebro não deixaria de funcionar.
Em 2011, Hawking permitiu que Low analisasse seu cérebro usando um dispositivo chamado iBrain, desenvolvido pela Neurovigil, com sede no Vale do Silício.
Um porta-voz do físico britânico disse à BBC que "o professor Hawking está sempre interessado em apoiar a investigação em novas tecnologias que o ajudem a se comunicar."

Decodificação

O iBrain é um sistema que se assemelha a um fone de ouvido e registra as ondas cerebrais por meio de leituras de eletroencefalograma (EEG) a partir da atividade elétrica do couro cabeludo do usuário.
Low diz que criou um software que pode analisar os dados e detectar sinais de alta freqüência que se acreditava terem se perdido por causa do crânio.
"Uma boa analogia para entender o processo é quando você se afasta de uma sala de concerto onde há música tocada por uma série de instrumentos", disse o pesquisador à BBC.
"À medida em que vai mais longe, você deixa de ouvir elementos de alta freqüência, como o violino e viola, mas continuar a ouvir o trombone e violoncelo. Bem, quanto mais longe você estiver do cérebro, mais se perdem os padrões de alta frequência", acrescenta.
"O que temos feito é encontrá-los e trazê-los de volta usando um algoritmo", completa o cientista.
Segundo Low, quando pensa em mover seus membros, Hawking emite um sinal que poderá ser detectado quando o algoritmo for aplicado a dados de EEG.
Esse processo, diz o pesquisador, poderia atuar como um botão de liga e desliga e produzir a fala, "se você construir uma ponte para um sistema semelhante ao já utilizado para detectar movimentos no rosto".
Low, no entanto, afirmou que mais pesquisas são necessárias para verificar se seu computador pode distinguir diferentes tipos de pensamentos, como, por exemplo, imaginar mover a mão esquerda ou a perna direita.
Caso alcance seu objetivo, o cientista diz que Hawking poderia usar combinações variadas para criar diferentes tipos de gestos virtuais, acelerando o tempo para selecionar palavras. Para isso, Low pretende testar o sistema com outros pacientes os Estados Unidos.

Os esforços da Intel

Em janeiro passado, a Intel anunciou que também havia começado a trabalhar na criação de um novo sistema de comunicação para Hawking, depois de um pedido do físico ao cofundador da empresa Gordon Moore.
A fabricante de chips tenta, agora, desenvolver um novo software de reconhecimento facial 3D para acelerar a velocidade com que Hawking pode escrever.
"Com esse sistema, será possível controlar uma nova interface de usuário que usa o vocabulário de gestos e avanços em várias tecnologias de previsão de palavras", afirmou um porta-voz da Intel à BBC.
"Estamos trabalhando estreitamente com Hawking para entender suas necessidades e projetar um sistema adaptado a ele."

quinta-feira, 5 de julho de 2012

''Partícula de Deus''

Físicos encontram provável 'partícula de Deus'.

Após anos de espera, imprevistos, problemas técnicos e muito suor, os físicos do LHC (Grande Colisor de Hádrons), maior acelerador de partículas do mundo, anunciaram a descoberta de uma nova partícula. E eles acreditam que seja o famoso bóson de Higgs.
Caso isso seja confirmado, será o coroamento da teoria científica mais bem-sucedida de todos os tempos --o chamado Modelo Padrão, que explica como se comportam todos os componentes e forças existentes na natureza, salvo a gravidade (explicada pela relatividade geral).
Contudo, cabe atenção para a formulação cuidadosa das afirmações dos pesquisadores.Após anos de espera, imprevistos, problemas técnicos e muito suor, os físicos do LHC (Grande Colisor de Hádrons), maior acelerador de partículas do mundo, anunciaram a descoberta de uma nova partícula. E eles acreditam que seja o famoso bóson de Higgs.

Em seu último relatório, no fim do ano passado, eles já sugeriam ter encontrado algo, mas não descartavam um alarme falso.
Agora, eles já cravam categoricamente a existência da nova partícula. Só não admitem com todas as letras que se trata da almejada "partícula de Deus".
"Apesar de os eventos [de colisões de partículas no acelerador] sugerirem que estejamos diante do bóson de Higgs, a confirmação de que se trata realmente da partícula predita requer mais medidas comparativas", afirma Sérgio Novaes, físico da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e membro da Colaboração CMS, um dos dois experimentos do LHC que servem de base para o anúncio.
Ossos do ofício, num esforço que envolve análise de dados de milhões de colisões de partículas para que, estatisticamente, seja possível chegar a alguma conclusão definitiva.
De toda forma, o novo achado dá toda pinta de que se trata mesmo do almejado bóson.


O anúncio da descoberta foi feito num evento realizado às 4h (de Brasília) desta quarta-feira, transmitido ao vivo pela internet da sede do Cern (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), em Genebra, Suíça, para a abertura da 36ª Conferência Internacional em Física de Altas Energias, em Melbourne, Austrália.

Dirigindo-se aos cientistas reunidos no auditório, o diretor-geral do Cern, Rolf-Dieter Heuer, fez uma pergunta: "Como leigo, eu diria que eu acho que conseguimos. Vocês concordam?". Uma ovação respondeu que sim.

Entre os convidados no auditório estava ninguém menos que o escocês Peter Higgs, 83 anos, físico que propôs (simultaneamente a outros) na década de 1960 um mecanismo de como as partículas adquirem sua massa e, com isso, emprestou seu nome ao famoso bóson.
Claramente emocionado, com os olhos marejados, Higgs disse aos colegas: "É incrível que isso tenha acontecido durante a minha vida".
Higgs reconheceu o mérito do LHC, um acelerador de partículas de 27 quilômetros, construído de forma circular e subterrânea na região da fronteira franco-suíça.
Em nota, o cientista acrescentou: "Nunca esperei que isso fosse acontecer na minha vida, e devo pedir à minha família para colocar champanhe na geladeira."

Sem Erro
Os cientistas descartam a essa altura que alguma flutuação estatística seja responsável pelo achado.
A probabilidade de não ser uma nova partícula, e sim algum engano, é de menos de 1 em 1,7 milhão. Cometer um erro desses é tão improvável quanto ganhar na loteria.
Ainda mais porque o resultado é confirmado pela combinação de dois experimentos do LHC Atlas e CMS e está alinhado com os dados obtidos pelo Fermilab, nos Estados Unidos, com seu antigo acelerador Tevatron, hoje desativado.

Concorrência
Na segunda-feira, os americanos chegaram a divulgar suas últimas análises dos velhos dados, que mostravam a indicação de uma partícula com as características do bóson de Higgs e uma energia entre 115 e 135 giga-elétronvolts (GeV), com 90% de confiança.
Entretanto, ainda estava longe do grau de exigência da comunidade para tratar o resultado como uma descoberta.



Somente agora, com os resultados do LHC é possível cravar a existência da nova partícula, com energia de 125 GeV.

Fim ou Recomeço?

A descoberta do Higgs há anos é apresentada como a principal motivação para a construção do LHC. Agora que a partícula provavelmente foi encontrada, pode ficar para o público uma sensação de vazio. Mas o sentimento não é compartilhado pelos físicos.

"Em primeiro lugar, há um equívoco em associar o LHC só ao bóson de Higgs", afirma Ronald Shellard, físico de partículas do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e vice-presidente da SBF (Sociedade Brasileira de Física).
"Todos concordamos que o bóson de Higgs não vale US$ 10 bilhões. Essa máquina, o LHC, foi concebida para explorar o Universo além do Modelo Padrão. A descoberta do Higgs coroa o maior feito intelectual da história da humanidade até agora, uma teoria que explica uma infinidade de fenômenos naturais", disse. "Mas, para o LHC, ela é apenas o começo."