terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Textos: Atmosfera


  Esse gás é o principal detergente natural do planeta. É ele o principal responsável pela decomposição de gases-estufa, como o metano e o dióxido de enxofre, e de poluentes, como o monóxido de carbono e o ozônio. Sem o OH por perto, esses gases acabam ficando no ar em quantidades  maiores, agravando o efeito estufa (retenção de radiação solar por uma capa de gás, que esquenta a Terra).
 Segundo o estudo, coordenado pelo climatologista Ronald Prinn, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts-MIT, EUA, a concentração média de OH  no ar do planeta caiu de cerca de 150 ppt (partes por trilhão) em 92 para  pouco mais de 40 ppt em 2000. Embora não se arrisquem a apontar as causas dessa redução, Prinn e sua equipe apostam que há o dedo da humanidade por trás dela.
 "O recado é basicamente o seguinte: a humanidade alterou o equilíbrio sem entender como funcionava a máquina original", disse o físico Paulo Artaxo, da USP, vice-presidente do IGAC (Programa Internacional de Química Atmosférica Global). Segundo Artaxo, o estudo é importante porque analisa, pela primeira vez, o efeito das mudanças globais sobre os chamados gases de meia-vida curta. Apesar de ficarem muito pouco tempo no ar, esses compostos são fundamentais para o funcionamento da "sopa" atmosférica. O OH, por exemplo, só dura um segundo - mas é responsável pela quebra do metano, que tem meia-vida de 11 anos.
  Acontece que, justamente pelo fato de o OH ser tão fugidio, até agora ninguém havia conseguido medir sua concentração. Prinn, então, apelou para  um truque: ele calculou indiretamente o nível do gás, olhando para uma molécula chamada metil-clorofórmio. Esse composto é uma espécie de "espelho" químico do OH. Para cada molécula dele que é degradada existe uma molécula do radical fujão na atmosfera. Assim, estimando a sua concentração entre 1978 e 2000, Prinn e seu grupo puderam chegar à trilha do OH.
  E não gostaram do que viram: os níveis de metil-clorofórmio subiram 15%  entre 78 e 92 e caíram em 2000 para 10% abaixo do mínimo medido em 78. "Esses gases estão reagindo muito depressa 'as mudanças na atmosfera", disse Artaxo. Os cientistas ainda não sabem dizer se a tendência é a queda. Mas num  momento em que os EUA enterram o Protocolo de Kyoto, acordo mundial para reduzir os gases-estufa, os resultados não são animadores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário