A expectativa era de que os primeiros sedimentos a serem coletados pelo robô Curiosity, da atual missão da Nasa em Marte, fossem apenas rochas de um material comum como o basalto, mas uma análise recente revelou dados intrigantes. O objeto piramidal, que recebeu o apelido de 'Jake Matijevic', um engenheiro de uma missão recente da agência espacial americana ao planeta vermelho, apresenta uma composição ainda inédita na pesquisa sobre Marte.
As análises iniciais mostram que o objeto teria elementos de algumas rochas raras, mas bem conhecidas na Terra. Edward Stolper, um dos chefes da missão no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), diz que essas rochas se formam a partir de formações de magma ricas em água que se resfriaram sob altas pressões.
'[A rocha é] amplamente conhecida na Terra, em ilhas oceânicas como o Havaí e Santa Helena e nos Açores, e também em áreas rochosas do Rio Grande e por aí vai. Então, novamente, não é comum, mas é muito conhecida', acrescentou.
O jipe-robô Curiosity examinou a rocha pela primeira vez três semanas atrás. Na ocasião, não se acreditava que o sedimento tivesse alto valor científico.
Análises
O fato de o Curiosity poder examinar in loco os materiais coletados com seus próprios instrumentos é o principal diferencial desta missão. Até então, equipamentos anteriores enviados pela Nasa à Marte podiam coletar objetos, mas não analisá-los com esta precisão.
Os cientistas identificaram que a rocha é rica em elementos como sódio e potássio e pobre em magnésio e ferro, o que a colocam em grau de comparação com o feldspato, uma rocha que não contém minérios. O robô da Nasa chegou à superfície do planeta vermelho ainda em agosto e, desde então, já andou 500 metros. O objetivo da missão é determinar se Marte já teve condições de abrigar a vida em algum momento desde sua formação.
Nas poucas semanas em que começou a colher materiais, o Curiosity já identificou uma série de rochas que foram claramente depositadas em água corrente. A teoria é que o jipe está localizado na nascente de um antigo local de grandes depósitos de sedimentos, conhecido como cone aluvial, onde uma rede de pequenos rios cruzava a superfície bilhões de anos atrás.
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